quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

'Quem me roubou de mim?'


                Em Quem me roubou de mim? Sequestros da subjetividade e o desafio de ser pessoa, o padre Fábio de Melo nos leva a refletir sobre quem somos e a partir disso o que buscamos em todos os nossos relacionamentos. Nessas relações, Fábio aborda os mais diversos tipos de cativeiros a que somos sobmetidos, mas também aponta aqueles que criamos para os outros.
                Este é um excelente livro. Cheio de conceitos filosóficos, psicologias, análises e, principalmente, argumentos fundamentados na experiência de vida do padre Fábio, a obra trata de relacionamentos e suas diversas perspectivas. Entre uma página e outra, deparei-me com um texto poético, cheio de reflexões que aprimorou meu modo de pensar e agir. Difícil fazer um resumo completo, abordando todos os tópicos que o autor explanou. Por isso, decidi fazer alguns comentários pontuais sobre as principais questões levantadas. Aos poucos, farei comentários aleatórios referentes ao livro e postarei no blog.
                Não o considero autoajuda, nem religioso ao ponto de associá-lo à Igreja Católica. Antes, é preciso deixar alguns paradigmas de lado, pois sei que escrevo para cristãos protestantes, católicos, evangélicos, etc. Sobretudo, este é um livro que nos faz refletir. Obviamente, o autor, por sua conduta e formação, faz referências bíblicas de muito valor, mas sem a pretensão de influenciá-lo. A meu ver, a ideia é nos levar a compreender o quanto podemos ganhar em nossas relações interpessoais com a ajuda libertadora que só Jesus nos oferece.
                Quero começar falando do tema principal, é claro: sequestros da subjetividade. Estamos familiarizados com a palavra sequestro, uma vez que os noticiários estão repletos de histórias onde sempre há uma vítima e um algoz. Este algoz retira a vítima de seu espaço, família, amigos, ou, como o autor denomina, horizonte de sentido, e a oprime, roubando o direito que ela tem sobre si mesma e suas ações. Quando falamos de subjetividade, referimo-nos às coisas que não podemos tocar e àquilo que está além do físico. A subjetividade está localizada no íntimo de cada um de nós e é resultado de crenças, aprendizados e experiências que adquirimos ao longo da vida. “O sequestro da subjetividade se refere a outra forma de afastamento. Neste caso, a privação mais danosa é a que sofremos de nós mesmos”, explica o padre. Em outras palavras, ele fala de vínculos que interferem na nossa capacidade de ser quem somos, de agir como queremos e de fazer nossas próprias escolhas. É possível que ao ler esse trecho você já tenha se identificado com o que foi descrito, então, sugiro que leia o livro.
                Contudo, o autor não se prende apenas ao sequestrado e ao sequestrador, a discussão vai muito mais além. É preciso que você saiba: “Há pessoas que nos roubam; há pessoas que nos devolvem”. Em nossos relacionamentos, de qualquer natureza, podemos ser roubados. Existem pessoas que roubam seus sonhos, por exemplo, seus pais, quando o proíbem ou simplesmente não o apoiam em suas escolhas profissionais e pessoais. Existem pessoas que roubam suas características peculiares, que fazem você ser quem é. O que nos leva ao outro ponto importante: o desafio de ser pessoa.
                “Nascemos indivíduos. A condição de pessoa é uma meta a ser vivida, um objetivo a ser alcançado. [...] um desafio”, frisa Fábio. Ou seja, desde que nascemos até o presente momento, estamos em um processo de construção de nossa subjetividade para sermos quem somos. Portanto, pergunto: Quem é você? Duvido que saberá me responder com inteireza, pois este é o maior desafio que o ser humano pode enfrentar em sua vida. Descobrir quem é, assumir seus defeitos e numerar suas qualidades. Quando pergunto, “Quem é você?”, refiro-me à sua subjetividade. Quero saber o que te faz feliz e triste, o que te completa e o que te falta. Indo mais a fundo, quero saber traços do seu caráter e porque você tornou-se assim, do seu jeito. Acho esse um dos pontos mais interessantes do livro. Aliás, quero compartilhar um dos trechos que mais chamou a minha atenção: “Ser pessoa consiste em dispor-se de si e dispor-se aos outros. Trata-se de um projeto audacioso de pertencer-se para doar-se”. Fantástico. Em outras palavras:  descubra quem você é e aceite-se, liberte-se e, por fim, doe-se.                    O padre Fábio de Melo ainda analisa diversos outros pontos interessantíssimos sobre ”o desafio de ser pessoa” no livro, que, com certeza, vale a pena ler e tomar nota. O autor ainda fala sobre o mal dos relacionamentos nascidos e solidificados nas redes sociais. Além disso, ele explica as diferenças entre prazer e desejo, amor e paixão e nos ajuda a compreender que o “amor perfeito” é um mito criado a partir dos contos de fadas que nos tira a razão.
                Antes de mais nada, é importante você saber que “uma vez sequestrados, perdemos a capacidade de sonhar, ficamos impossibilitados de viver as realizações para quais fomos feitos e não temos com quem reclamar”, pois “nenhuma relação humana está privada de se transformar em roubo, perda de identidade, ainda que as pessoas pareçam bem-intencionadas. Um só descuido e as relações podem evoluir para essa violência silenciosa”, conclui Fábio.
                Sem mais, desejo-lhe uma boa leitura.

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Ficha Técnica

Quem me roubou de mim?
Autor: Melo de, Fábio
Editora: Planeta
Ano: 2 ed. – São Paulo – 2013


Sessão: Cristianismo/Religioso/Psicologia


Por Jhenifer Costa 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A última carta


               Quem é que pode lidar com a morte? Ninguém nunca estará pronto pra ver alguém querido encerrar sua vida. Ela é devastadora. Quem fica, torna-se refém de uma dor que rasga o peito, que martiriza, que sufoca a alma.
                      Recentemente, descobri que uma antiga vizinha de infância faleceu. Ela era jovem, chamava-se Ana Carolina. Lembro-me bem pouco dela. As lembranças que permeiam minha mente é de uma menina constantemente alegre. Uma palavra que a define para mim é: Encantadora. Ana faleceu aos 24 anos após ter sofrido um terrível acidente de carro, em Sorocaba-SP, no fim do ano passado.
                      Nunca vamos entender certas coisas que acontecem nesse mundo. Mesmo que estudemos anos para isso. Deus a recolheu e ponto final. Literalmente, ponto final. Acabou. Juro que não entendo a morte e, sinceramente, nunca estarei pronta para ela.
                  Quem é que está preparando para ouvir que um filho foi embora para sempre, que sua vida acabou? Ninguém! Imagina, quando eu soube do acidente, mesmo com pouca intimidade, sofri. Aliás, sempre sofro quando recebo alguma noticia de morte, pode ser de qualquer pessoa, pode ser até mesmo de um estranho! Eu sofro porque a morte interrompe sonhos, planos, felicidades, relacionamentos, missões e não acho justo.
                 Infelizmente, a história de Ana não poderá ser contada por ela mesma, porque ela se foi. Em uma “última” carta para a filha, sua mãe escreveu seus mais profundos sentimentos. Impossível transcrevê-los, publico, na íntegra, a carta que Marcia escreveu.
                Emocione-se comigo.

 “Anteriormente numa busca comedida e esperançosa que no final transformou-se em angustia até o encontro definitivo com essa palavra terrível – óbito. Não poderiam dizer apenas FIM?
Por alguns segundos senti-me num vácuo, não vi nada, não escutei nada, apenas ecoava dentro de mim a desesperadora sensação de “nunca mais?” Nunca mais? Acabou? Não vou ter mais minha filha ao meu lado?
 Minha mente tentava assimilar e então veio o desespero. Preciso sentir a minha filha, tocá-la, beijá-la, senti-la próxima a mim. Parecia que ela também precisava de mim. Coisa de mãe, eu acho. Pobre de mim, com certeza ela já estava nos braços do Senhor.
Deus quis enfeitar o céu com a flor mais bela do meu jardim. E eu? Beijei seu rosto e a entreguei.
Acho que de coração aberto, nem sei dizer. Mas aceitei.
Não sei por quê, mas EU ACEITEI.
Talvez porque, ao retroceder até o nascimento da minha princesa, lembro-me da Dra. Avany me explicando que enquanto faziam a incisão para tirá-la do meu ventre a danadinha pulou e “rasgou” alguns centímetros da minha pele. Ela veio ao mundo para VIVER e dar mais alegria às nossas vidas.
Sempre com muita VIDA. Sempre muito preocupada com todos. Ainda muito pequena gostava de ficar na casa dos avós e antes de dormir, telefonava pra recomendar que eu fechasse bem as portas. “Mãe, você fechou o cadeado do portãozinho? Não se esqueça de fechar a porta da sala com a chave porque o papai está viajando”.
E a tia PITITA (Patricia). Era o amor da sua vida, talvez a filha que minha irmã nunca teve. Sentia-se uma boneca com a tia. Ah, como essas duas se divertiam juntas.
Falava pelos cotovelos e mesmo quando ainda não sabia pronunciar as palavras dizia: “Mãe Maicha, mãe Maicha, to fopis” (mãe Marcia, mãe Márcia, vamos ao shopping) e quando chegávamos dizia: “Vivaaaa iupiiiii Chico Bento e a Natuezaaaaa” (era a sua demonstração de alegria ao chegarmos no shopping).
Tinha um cuidado com o irmão, que ela carinhosamente apelidou de Du, já na adolescência. Chegava ao extremo de chamá-lo de FILHO quando ele era bebê. Quando ainda pequena, cuidava dele em todo momento (a diferença de idade era de 1 ano e 8 meses). Ainda aos 4 aninhos vivia atrás dele e dizia: “Filho, cuidado com isso... Mãe, o filho fez isso ou aquilo...”. E agora, já adulta, chamava-o de bebê.
Na escola todos a amavam desde pequena. Tinha o gênio forte e sempre foi decidida, mas singela e amorosa. Esses eram os traços mais fortes de sua personalidade.
Tudo tinha que estar sob controle. Organização era seu lema, tudo anotado na agenda. Ai de mim quando queria mudar seu roteiro. Hmmmm... “Não mãe, eu já tenho tudo anotado! Primeiro vou fazer isso, depois aquilo e depois aquele outro”. Com exceção do quarto - que ela se permitia deixar bagunçado. E tinha outro jeito? Tirava quase todas as roupas do armário até decidir com qual sairia naquele dia. “E tire uma peça do lugar”, ela saberia se alguém passasse por lá.
Trocávamos roupas, usávamos uma da outra quando me servia, é claro. Ela sempre me achava “linda”. Usávamos roupas, sapatos, enfim, tudo o que podíamos usar uma da outra.
Orgulhava-se quando alguém dizia que éramos parecidas. Quem dera.
Sempre determinada, formou-se Tecnóloga em Logística e Transporte, mas queria mais. “Quero ser Engenheira”, dizia. Começou a cursar Engenharia, que pagava com o próprio salário, pois já estava trabalhando e queria “andar com as próprias pernas”.
O trabalho era outra realização, embora tão pouco tempo tenha trabalhado (5 anos). Acredito que tenha feito muito por sua empresa. Viajou para a Alemanha (sozinha) e foi ao Uruguai (com o chefe), com um orgulho que só vendo em seus olhos.
Conheço muitos de seus amigos de trabalho, apenas pelo nome, de tanto que ela falava dessas pessoas com carinho e do carinho que tinham para com ela.
Queria casar e ter filhos, vários, segundo ela. Amava crianças. Deixou de ir a um churrasco com seus amigos, para ir conosco ao aniversário de 2 aninhos da “Alicia Delicia”, como ela carinhosamente a chamava. Divertia-se quando ficávamos imaginando como seriam nossos netos (seus filhos).
...
Sinto um grande vazio. Mas o que me da ânimo é saber que a minha princesa foi embora no auge de sua felicidade.
Estava realizada no trabalho, sentia-se orgulhosa da sua empresa, principalmente por ser reconhecida por sua dedicação e competência.
Ana, Ana Carolina, Aninha, Carol, TCHUQUINHA (chamada pelo irmão), princesa, anjo, minha flor. Saiu de dentro do meu ventre pra viver intensamente. Distribuiu amor por onde passou, carinho, alegria, muita alegria. Seu sorriso iluminou o seu e o nosso caminho.
Se Deus quis te levar, o que eu posso fazer senão aceitar com resignação e alegria por ter me dado o privilégio de ter em meu ventre um anjo... Além de ter deixado este anjo por 24 anos transformando as nossas vidas.
Tenho certeza que as sementes que ela deixou aqui nos corações férteis vão brotar e dar bons frutos.
Eu, seu pai e seu irmão (bebê) te amamos muito, filha. Somos muito, muito, muito orgulhosos de você. Descanse em paz nos braços do Senhor, onde um dia nos encontraremos novamente.
Compartilhamos nossos sentimentos neste momento porque somos gratos a todos os amigos, tanto os que moram ao nosso lado e vemos todos os dias, quanto aqueles que vieram de outro estado, imediatamente que souberam da nossa dor. Pessoas que quase não vemos mas temos em nosso coração.
Deus os abençoe pelo carinho.”

Mãe Marcia.


Por Jhenifer Costa 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Rapidinha: "EU terminei com ela(e)!"

"EU entrei com o pé e ele(a) com a bunda!" 


Caramba. Eu já disse essa frase, em tom de arrogância. A minha justificativa é que na época tinha 14 anos. Ainda era uma criança e não sabia quase nada sobre a vida. Felizmente, este texto é para quem, mesmo depois de "grande", continua agindo como se ainda fosse adolescente. 

Pois bem, infantil é quem acha que existe glória em terminar um relacionamento. Pior, quem se acha melhor só porque tomou a iniciativa. Em muitos casos, isso só comprova o fato de você ser um preguiçoso. Exatamente. Prova que você teve preguiça de melhorar e buscar soluções, quando você decidiu optar pelo mais confortável, buscando outra pessoa que se adequasse às suas regras. Também prova que você amou menos e foi mais egoísta, pois foi você quem escolheu o não, e esse não pode ter nascido da sua incapacidade de se permitir. 
Você pode tomar essa decisão, mas não pode se glorificar por ela, não pode transformá-la num troféu, o qual exibe aos seus amigos. A única vantagem em um relacionamento está no processo de crescimento pessoal e crescimento do outro. Caso isso não aconteça, não existe motivos para prosseguir. Mas ainda assim, você não é melhor por tomar essa decisão. Você só é sensato, esperto. 

Por Jhenifer Costa 

domingo, 11 de janeiro de 2015

De volta ao Castelo, literalmente

Nasci no dia 28 de maio de 1994, em Sorocaba-SP e, nesse mesmo ano, nasceu também o Castelo Rá-Tim-Bum. Hoje, com vinte anos de história, a série se consagra por ter marcado a infância de tanta gente. No meio da cidade grande, a feiticeira Morgana e o Dr. Victor moram com seu sobrinho de 300 anos, Nino, e mais um monte de criaturas curiosas. A presença deles deixavam os episódios ainda mais interessantes. Todos os dias, Nino recebe a visita de seus três melhores amigos, Zeca, Pedro e Biba, que, juntos, desbravam o castelo em busca de novas aventuras. 

Cerca de 250 profissionais foram envolvidos na concepção do Castelo Rá-Tim-Bum, tudo para que além dos atores principais a criatura Mau, o morcego Godofredo, o ratinho, a cobra Cesleste, os pássaros que cantarolavam, o Porteiro, os irmãos cientistas Tíbio e Perônio, entre outros, pudessem existir. Para instigar mais ainda as crianças, a repórter de TV Penélope, a lenda folclórica Caipora, o extraterrestre Etevaldo e o entregador de pizzas Bongô visitam Nino, ocasionalmente. Ah, também tem o Dr. Abobrinha, um vilão que quer comprar o castelo a todo custo. 

Divirto-me ao lembrar de quantas histórias engraçadas e educativas assistia deitada no sofá da minha casa, este que já não existe mais, graças ao tempo. Isso comprova a antiguidade da série, que ainda faz sucesso apesar dos anos.

A série foi criada pelo dramaturgo Flávio de Souza e pelo diretor Cao Hamburguer e é transmitida pela TV Cultura.

Bom, como você deve imaginar, esse texto tem um motivo especial para existir. No dia oito de janeiro, realizei um sonho de criança, aliás, sonho de qualquer criança.  Visitei a exposição composta por peças originais e réplicas do Castelo Rá-Tim-Bum, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. 

Seguem as fotos dessa aventura nostálgica: 


           (Fotos do meu IPhone)

Para os interessados, segue um link com 40 curiosidades sobre o Castelo Rá-Tim-Bum. Divirta-se!