Outro dia, fiz uma matéria sobre a facilidade que a
tecnologia nos oferece no dia a dia, caso alguém ainda não tenha lido, cliqueaqui. Pois bem, cada palavra dita naquele texto faz sentido e é verdade. Porém,
me ocorreu que essa pode ser uma verdade fatal para a nossa geração.
Pense
nisso.
Recentemente,
fui a uma loja de matérias para casa e construção, não porque eu esteja
construindo ou reformando, longe disso. Na verdade, é a minha mãe quem adora gastar
seu tempo livre procurando o que comprar em lojas desse tipo. Ela sempre entra
e fica bisbilhotando as prateleiras, como se precisasse dos objetos que
encontra pela frente. Às vezes ela compra, às vezes ela passa vontade. Minha
casa é tão cheia de tralhas que não pisamos em chão, pisamos em enfeites,
potes, bugigangas. Nesse dia, inevitavelmente, ela conseguiu me arrastar para o
seu vício.
Andando
por entre as dezenas de prateleiras, vi algumas coisas tão tecnológicas e caras
que jamais teria em minha casa, futuramente. Agora, rapidinho, dividirei um
sonho com você. Na minha casa, quando eu tiver uma, não quero cortinas, não
quero paredes. Quero uma casa integrada, com bastante janelas, móveis
sustentáveis e uma cama bem grande, no chão. Eu quero uma parede decorada com
todas as fotos que consegui tirar na minha vida dos bons momentos que tive com
a família e amigos. Não quero guarda-roupas, pois quero ver tudo o que tenho
pendurado numa arara, para ser mais prático. Ah, não posso esquecer de
mencionar que quero panelas coloridas, um forninho elétrico vermelho e um
porta-tempero bem diferente.
Eu fico
imaginando as minhas visitas dormindo em colchões espalhados pela casa, será
uma cena linda e cômica. Mas esse é um sonho tão louco e incomum que não
encontrei nada que se encaixasse na descrição acima na loja em que eu estava. Então
fui perguntar para a vendedora se lá tinha a tal da arara. Foi engraçado. Ela
me disse que eles não vendem esse produto porque ninguém usa esse tipo de
“coisa antiga”. Cretina. Eu fiz uma cara de “então está bem” e fui saindo.
Caramba,
fiquei curiosa com a resposta dela e voltei. Pedi para ela me mostrar o que
havia ali de mais tecnológico para banheiros. Ela me olhou dos pés à cabeça.
Foi até constrangedor e antiprofissional. Ela deve ter me imaginado usando o
banheiro. E você, por favor, não imagine. Por fim, ela me mostrou um “zilhão”
de coisas, fez um blá blá blá que eu não lembro nadica. Ai, vendedoras. Quando
acabou a falação, a agradeci pelas informações e fui saindo. Contudo, ela fez
um comentário interessante, que vou repetir exatamente como foi dito: “Hoje em
dia, o foco é a tecnologia pra tudo e
todos, até na hora de usar o banheiro”.
Foi o
que meu amigo e cunhado José Ricardo comentou comigo também: “A palavra
tecnologia engloba tudo o que conhecemos hoje, desde celulares até uma
geladeira”. Ele fala isso com propriedade, pois estuda Ciências da Computação e
compreende a técnica e teoria do que estamos discorrendo aqui.
Pois
bem, isso nos leva ao ponto alto deste texto. De qual forma essa tecnologia
toda está afetando nossas casas ou nossas futuras casas? A resposta é simples.
A maioria das casas dos moradores das classes B, C e D estão diminuindo, concentrando
tudo em poucos cômodos. Parte pela superpopulação, pelo menos no estado de São
Paulo, e a outra parte é porque as pessoas não se importam mais com casas
grandes, porque as famílias estão ficando cada vez menores. As pessoas passam
menos tempo dentro dos seus lares, pois trabalham o dia todo.
Levando
em consideração que o Brasil é um país rico, pois conta com centenas de
riquezas naturais altamente rentáveis, cujo valor no mercado exterior é
supervalorizado pela qualidade dos produtos, mas também abriga uma das nações
mais pobres do mundo (cerca de 200
milhões de habitantes), podemos encontrar algumas respostas. Pense. Portanto,
ressalto apenas duas que julgo serem importantes: nossas casas vão diminuir
mais ainda, pois essa geração e as próximas só pensam em carreira profissional
e sucesso financeiro, família estará sempre em segundo plano, consequentemente,
casas grandes não serão cogitadas. Segundo, a tecnologia deu lugar a um mundo
novo de sonhos e planos. Não existe mais espaço para pessoas que sonham com
sítios, lareiras, fornos grandes e casas com quatro quartos. Isso ficou no
passado, com nossos avós. Hoje, a maioria dos jovens quer viver num lugar pequeno
e confortável, de fácil acesso aos shoppings e às ruas movimentadas de grandes
centros urbanos. Confesso, eu também quero isso. Mas será que é pedir demais
querer isso, só que numa casa estilo porão reformado?!
Estamos
mudando. Estamos permitindo que coisas importantes desapareçam da nossa vida,
por exemplo, uma boa varanda sombreada por uma grande árvore na calçada.
Obviamente,
a tecnologia tornou-se algo necessário. Admito. Mas até as privadas precisam
ter sensores que checam a pressão arterial e a temperatura do corpo, além de
medir quantidade disso e daquilo? Gente, cadê a paz na hora de usar o
banheiro?!
Não
estou conseguindo lidar muito bem com isso, rs.
Por Jhenifer Costa
hahahaha
ResponderExcluirE isso é a mais pura verdade. Esse conceito de vida no campo já quase não existe mais. Por outro lado, para tentar disfarçar essa sensação, perceba que os comerciais de construtoras sempre mostram apartamentos e condomínios com muitas áreas verdes... É só para a pessoa pensar que está comprando "tecnologia" com "sossego".
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