Professores e pesquisadores do Design Inteligente buscam a inserção da teoria no ensino superior de todo o país.
Por Jhenifer Costa e Nícolas Cardoso
O ensino da Teoria do Design Inteligente (TDI) nas universidades
tem fomentado uma grande discussão no Brasil há cerca de dez anos. Fato que
motivou a realização do primeiro Congresso de Design Inteligente (DI) no Brasil,
em Campinas-SP, nos dias 14, 15 e 16 de novembro deste ano. O evento reuniu os
maiores pesquisadores e interessados no assunto do país e do mundo, a fim de inserir
no ensino acadêmico do país uma visão diferenciada a
cerca do surgimento do mundo e de tudo que o compõe.
Tendo
como principal objetivo, o congresso procurou reunir os denominados
“inteligentes” que percebem nas evidências cientificas a veracidade do DI. A
partir das discussões feitas durante o evento, os participantes, em sua maioria
professores de renomadas instituições acadêmicas, pretendem defender e divulgar
de uma forma diferente a TDI nas universidades.
O professor de Cosmovisão Bíblico-Cristã, formado em Teologia
pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro
Coelho, Uriel Vidal, também acredita que os estudantes, independentemente de
suas crenças e culturas, precisam conhecer todas as teorias existentes para
decidir em qual acreditar. “Atualmente, o darwinismo é dominante nas escolas e
universidades no Brasil e no mundo. Acredito que isso acontece por falta de
divulgação de outras teorias também válidas, como o DI, por exemplo. É preciso
que os professores ofereçam outras alternativas aos alunos”, sugere Vidal.
O que o evento sugeriu é uma abordagem mais profunda do DI em
salas de aula, como é feita com o Evolucionismo, por exemplo. Entretanto, primeiro
é preciso entender que Criacionismo e DI são duas coisas diferentes. O autor do
livro “Uma Breve História da Terra” e também diretor da Sub-Sede Brasileira do
Geoscience Research Institute - LLU/California, Nahor Neves, é defensor e
pesquisador do DI. Ele acredita que “o
DI é muito mais do que pensamos. A teoria é bastante restrita, em relação à
área de atuação. O estudo fica mais no campo da biologia e também é insatisfatório,
porque ele fala em design e não fala
em designer. Se existe design ou
projeto, automaticamente evoca um planejador”, aponta. Já o Criacionismo “é uma
cosmovisão em que ocorrem associações intuitivas ou intencionais entre
conhecimento bíblico, conhecimento de Deus e o conhecimento da natureza, em
seus aspectos estéticos e científicos”, acrescenta Neves.
O diretor Neves também compareceu no evento e frisa a
importância de buscar responder as perguntas que permeiam a existência do
homem. “Quando existe a preocupação de compreendermos eventos passados, únicos,
irreproduzíveis e as questões envolvendo as origens, percebe-se claramente que elas
não podem ser respondidas por meio da ciência. Porque estes mesmos temas
interessam outras áreas do conhecimento”, explica. Para ele, toda fundamentação relacionada à criação ou surgimento do
mundo, passa por conceitos teológicos e filosóficos, inevitavelmente.
Problemas no caminho
A
partir da definição, é possível compreender a relevância do ensino nas escolas.
Sobre isso, Neves admite: “Infelizmente nas escolas, especialmente as públicas,
não existe um ensino sobre o DI. Se alguém fala sobre isso, deve ser explanado
nas aulas de religião”. O professor assegura que para todas as vertentes serem
ensinadas de forma correta e imparcial, são necessários profissionais que
conheçam ciências naturais, teologia e filosofia.
No entanto, existe um
problema observado pelos docentes: a falta de acessibilidade a materiais
relacionados ao DI. Em sua maioria, são caros e de difícil compreensão. Muito
são divulgados apenas em faculdades confessionais, onde geralmente se estuda a
TDI com mais profundidade. Levando em conta essas problemáticas, algumas
editoras buscam trazer o DI à tona de forma mais simples e barata. Um exemplo é
a Casa Publicadora Brasileira (CPB), vinculada à Igreja Adventista do Sétimo
Dia, que lança livros e revistas de baixo custo, apresentando o Criacionismo, Evolucionismo
e DI de forma bem didática para todos os públicos.
No livro “A Ciência Descobre Deus”, uma das obras produzidas
pela CPB, o autor Ariel Roth busca discutir a necessidade de mais abertura da
ciência em relação ao diálogo com outras áreas do conhecimento humano, por
exemplo, a teologia. Segundo o renomado cientista suíço, “em anos recentes,
pesquisadores e cientistas realizam inúmeras descobertas extraordinárias que
revelam um nível tão elevado de precisão e complexiadade que está ficando muito
difícil sugerir que tudo que existe surgiu por acaso”, aponta. Em seu livro,
Roth estimula o estudo da TDI nas escolas e valoriza as instituições que a
ensinam.
Um
dos motivos que ainda bloqueiam a introdução da TDI nos planos de ensino das
universidades, salvo as confessionais e denominacionais, são as evidências
científicas que podem provar a veracidade dos acontecimentos. De acordo com o
professor Vidal, “muitos argumentam que a TDI não é testável. Mas isso também
acontece com as demais teorias, como o Big
Bang e o Evolucionismo”, ressalta.
“Não é possível reproduzir em um laboratório os fenômenos que aconteceram e
todos os casos que envolvem a criação do mundo. Por isso, afirmo que o DI
também merece atenção nas escolas”, complementa.
“Antes de apresentar
paradigmas, é possível que muitos já tenham escolhido o seu. É muito justo apresentar
sem tendência alguma, mas é quase impossível fazê-lo na prática”, constata
Vidal. Como professor cristão e defensor do DI, Vidal é completamente parcial
na hora de falar sobre o assunto. Porém, não deixa de apresentar as outras teorias
existentes em suas aulas. Para ele, “cabe ao aluno decidir em que acreditar. O
nosso papel é ensinar todo o conhecimento possível”, conclui.
Resultados
Alex Fols, estudante de Teologia no
Unasp-EC e simpatizante do DI, tem mostrado cada vez mais interesse no assunto
nos últimos três anos. O aluno foi convidado por professores e amigos para
participar do congresso de DI e comemora a oportunidade. “O convite deu-se pelo
meu interesse na área de ciência e religião. Já faz dois anos que estou
pesquisando sobre a TDI e essa foi a primeira vez que participo de um evento
desse porte”, comenta Fols.
O futuro teólogo revela que o
primeiro contato com a teoria foi em sala de aula, quando já estava na
universidade. Antes, ele conhecia apenas a teoria do Criacionismo e do Evolucionismo.
“Foi na faculdade que passei a conhecer o DI e ainda sou novo no assunto, mas
pretendo me aprofundar nessa área”, salienta Fols. Para ele, foi muito
importante conhecer todas as teorias existentes para acreditar e defender o DI
hoje.
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