A
indústria cinematográfica cristã está crescendo cada vez mais no Brasil. O ator, produtor e roteirista, Regis Terencio, é um dos percursores de histórias bíblicas e inspiradoras no país.
Por Jhenifer Costa
Provavelmente milhares de pessoas no Brasil e
no mundo já assistiram pelo menos a um filme com alguma mensagem inspiradora ou
baseado em uma história bíblica. A indústria do cinema cristão está caminhando
para se tornar um segmento lucrativo, principalmente nos EUA. No Brasil, o
objetivo é o mesmo, porém, a longo prazo. De acordo com a revista The Economist,
o longa cristão com a maior bilheteria da história foi “Os Dez Mandamentos”
(1956), arrecadando mais de um bilhão de dólares. Depois deste fenômeno, nenhum
outro ultrapassou a marca de 800 milhões de dólares.
Estes
números podem até parecer altos, mas se comparados a um filme de sucesso do
gênero ficção científica, por exemplo, surpreende. A superprodução dirigida por
James Cameron, “Avatar” (2009), distribuída pela 20th Century Fox, arrecadou a maior bilheteria já
registrada de quase três bilhões
de dólares no mundo.
Nos últimos meses, o filme “Deus Não
Está Morto” (2014) despertou mais uma vez a indústria cristã mundial, lucrando
quase 20 milhões de dólares. O filme fez tanto sucesso entre o público alvo,
que o diretor do estúdio Pure Flix, Michael
Scott, pretende fazer uma sequência, com lançamento previsto para 2015. Além
deste, outros produtos recentes também fizeram sucesso, como “Nóe” (2014), da Paramount Pictures, com um faturamento total
que ultrapassou 300 milhões de dólares.
Já no Brasil, os dados não são tão
altos. O ator, roteirista e produtor, Regis Terencio, 27, trabalhou em
diferentes estúdios, inclusive em outros países, e acredita que isso acontece
no Brasil pela falta de recursos financeiros oferecidos pelos patrocinadores
para esse tipo de filme. “O cinema brasileiro, no geral, tem dado passos largos
e cada vez mais filmes são produzidos. A qualidade está sendo aperfeiçoada com
a prática”, pontua Terencio.
Muitos dos filmes cristãos que são
produzidos anualmente não são exibidos no cinema, a maioria é distribuída em
DVDs para serem reproduzidos na TV. São filmes de financiamento independente,
de baixo custo e com pouca divulgação por parte dos produtores. Sobre isso, Terencio
opina: “Além do Brasil, morei na Irlanda e fiquei alguns meses entre Porto Rico
e Estados Unidos. Mas, por mais que você tenha bons mestres, estrutura e
equipamentos... não adianta, o melhor lugar pra aprender e fazer cinema é nos
EUA. Eles têm a indústria cinematográfica mais bem sucedida do mundo e já fazem
isso há muito mais tempo que a gente”, admite.
Terencio também é administrador de
uma das páginas mais visitadas sobre o assunto na internet, Cine Cristão (WWW.cinecristao.com). Com base no feedback obtido pelos
comentários e críticas que recebe dos internautas, ele acredita que um dos
pontos fracos do cinema cristão no Brasil é a falta de apoio financeiro por
parte dos telespectadores. “Estamos engatinhando ainda, tanto em qualidade
técnica, quanto em histórias bem contadas. E, apesar de haver tolerância, as
pessoas sentem isso. O que se esquecem é que é preciso muito dinheiro para
produzir um filme e, que para poderem ver filmes melhor produzidos, precisa
haver mais investimento”, assegura o ator.
O dono da produtora “Big Puddle Films”, Jason Satterlund,
produz longas e curtas cristãos há mais de 13 anos nos EUA. Atualmente, ele
reside em Portland, Oregon. Durante sua carreira como produtor na indústria
cristã, Satterlund sempre acreditou que o mais importante é “fazer um trabalho
com muita qualidade, independente dos recursos”. Entre seus projetos mais
conhecidos, está a série cinematográfica “The
Record Kepper”, que é baseada no livro “O Grande Conflito’, de Ellen White.
A série fez um sucesso nos EUA e,
principalmente, no Brasil. Parte do retorno obtido foi pela grande produção
cinematográfica envolvida na concepção da série. De acordo com Satterlund, outro
ponto importante é ter apoio dos financiadores e também do público que assiste
o resultado final. Ele já dirigiu e produziu projetos para Bom Jovi, Warner
Brothers, CNN, entre outros. A partir desse panorama, ele afirma que o sucesso
do cinema cristão depende exclusivamente da qualidade envolvida no
desenvolvimento do projeto, pois faz com que as pessoas tenham cada vez mais
interesse em assistir o gênero.
“Estamos no caminho certo. Vejo que
o avanço na quantidade e qualidade de produções nacional tem um progresso muito
acelerado ao ponto de que daqui cinco anos iremos olhar para trás e parecer que
passaram décadas e décadas de evolução”, sonha Terencio. Para ele, existem bons
atores, bons produtores e pessoas que podem ajudar a fazer com que o cinema cristão
no Brasil cresça cada vez mais. Entretanto, é necessário trabalhar bastante
para isso.
Campo para atuação
Com o crescimento da indústria de
filmes cristãos, também aumentam as vagas para atores interessados no país. Regis
Terencio começou a atuar aos nove anos, quando participou de um filme
publicitário para a empresa que fabrica sorvetes, Kibon. No início era um hobby, tanto que acabou cursando
Comunicação Digital pela Unip, em Campinas. Construir sua carreira foi bem
complicado. No começo ele sonhava em trabalhar no cinema americano e foi ao
exterior aprender inglês.
“Quando fui à Irlanda eu não tinha
mais do que o dinheiro da passagem e do curso de Inglês. Cheguei a comer com
mendigos irlandeses e pegava moedas nas ruas, até que consegui um trabalho. Depois
que o Inglês estava bom o suficiente, comecei a fazer um curso de cinema”,
lembra Terencio. Segundo ele, esse caminho foi imprescindível para chegar onde
está hoje. “Filme sempre foi o meu objetivo. Especificamente, queria trabalhar
como ator em filmes cristãos”, complementa.
Chegando ao Brasil, em 2010, Terencio
se deparou com um problema. “Se já não existiam tantas produções ‘seculares’ no
país, imagina filmes cristãos”, observa. Foi então que ele decidiu atuar,
produzir e roteirizar histórias bíblicas e inspiradoras para o cinema
brasileiro. Entre seus trabalhos mais recentes, está o filme “Labirintos
Internos” (2014), produzido pela Ponte Filmes, onde ele foi o ator principal. Um
dos seus trabalhos mais reconhecidos como ator é o curta “Abound” (2013), lançado em Hollywood. O filme ficou entre os
finalistas no 168 Film Festival deste
ano, como melhor curta-metragem na categoria.
Atualmente, Terencio participa de
diversos festivais de cinema cristão no mundo. Recentemente, foi convidado para
falar sobre seus projetos e carreira no Gideon
Film Festival, um dos maiores eventos que premia os melhores filmes
cristãos nos EUA. “Subi no palco e, durante cinco minutos, fiz um discurso
inspirador. Eles riram quando era para rir e bateram palmas no final, então acredito
que gostaram”, conta o ator. Seus passos são calculados e ele acredita que “é
preciso ser visto para ser lembrado”.
Além disso, Terencio organiza
workshops e palestras em todo o país para futuros atores e interessados na
área. “Hoje, além de compartilhar meu testemunho, também palestro sobre
co-produções brasileiras, aprovação de projetos através de incentivos culturais
da Ancine e atuação para filmes”, menciona.
Entre seus próximos projetos, está o
longa “E o milagre aconteceu”, que está em fase de pré-produção e conta com um
elenco experiente de atores brasileiros como Andre Ramiro, Karen Junqueira,
Oscar Magrini, Carlos Casagrande, Luigi Baricelli e Regis Terencio. Além deste
filme, Terencio está envolvido na sequência da série “The Record Kepper”, “The
Planet Tender”, que será produzida pela The Puddle Films, em 2015.
“Filmes cristãos são recursos
poderosíssimos para transformar vidas e alcançar aqueles que jamais seriam
alcançados de outra forma”, finaliza Terencio. Com esse propósito, ele pretende
continuar trabalhando com o cinema para levar uma mensagem de esperança às
pessoas do mundo e, principalmente, do Brasil.
Facebook Regis Terencio: www.facebook.com/registerencio
Para conhecer os workshops: https://www.facebook.com/EncontroDeCineastasCristaosDeCampinas
O mundo do cinema so' tem a ganhar com os filmes biblicos ou simplesmente mensagens crista que de alguma forma toca no coracao das pessoas. Obrigado pela bela materia.
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